FESTIVAL DE APOIO À CRIAÇÃO DA COMPANHIA OLGA RORIZ

CATARINA BALEIRAS

Nos fundos da armazém da Companhia Olga Roriz existe uma cenografia da Catarina Baleiras (1963-2000) que ela fez para o espectáculo “Jardim de Inverno”, da Olga. Está guardada desde 2004 e há muito que a queríamos trazer para o jardim. O Interferências é a oportunidade perfeita para a mostrar às pessoas e lembrarmos a Catarina.

© Susana Chicó

Catarina Baleiras (Lisboa, 1963-2000)
Frequentou a Faculdade de Belas Artes de Lisboa, expondo
individualmente com regularidade a partir de 1985 e participando em exposições coletivas significativas: em 1986 participou na III Exposição de Artes Plásticas, Lisboa; Bienais da AIP, Vila da Feira; Galeria André Viana, Porto. Salientam-se os projetos específicos:

Pavilhão de Exposições do Instituto Superior de Agronomia,
Lisboa (1988); (textos Sílvia Chicó e Bernardo Pinto de Almeida),
“e outras senhoras de forte carácter cultivam ervas silvestres” no âmbito do projeto A Sétima Colina, Chiado, Lisboa (1994); D’après Baleiras, CPAC Coimbra 1993/1994; Sal, CAPV, Aveiro (1996). Participou na publicação Revista Via Latina, Coimbra (1991)

JARDIM DE INVERNO

© Rodrigo César

Estreia a 25 de Dezembro de 1989 – Rennes, França
Coprodução: ACARTE, Carrefour de Régions d’Europe
Remontagem 2004 – Museu do Carro Eléctrico, Porto
Coprodução: Teatro Nacional de S. João

*Dedico esta reposição à memória de Catarina Baleiras

No jardim da casa do mar. Ela espera. Avança e logo pára. Ela não pára nunca. Ela embate contra os muros metálicos do jardim. Ela quer ficar só até que o tempo passe. Ela recua até ao princípio do caminho e depois recomeça. Avança na direção da casa. Ela escuta. Ela deixa-se estar na escuta dos passos sobre o mar. Ela não olha as duas mulheres que se tocam. Ela inventa. As mulheres olham-na. Esperam. Elas vêm os jogos que ela se faz inventar para não parar nunca. Ela foge e depois pára. Ela deixa-se ver. O cheiro da chuva mistura-se com o cheiro do mar. Ela recomeça.

Olga Roriz, Março 1990