SOLOLO OU A ILHA
© SUSANA CHICÓ
Sentada na ilha olho para baixo. Vejo os meus pés e as minhas pernas. Vejo os pés e as pernas de uma velhinha de 98 anos. Vejo os pés e as pernas de uma menina de 4 anos. Tudo no mesmo segundo. Talvez neste pedaço de chão já se tenha sentado uma mulher com muita idade em anos e outra com menos. Talvez por baixo de mim, ou por cima, do outro lado da Terra, esteja tudo a desmoronar ou, a erguer-se.
Ondas de encantamento e desencantamento nas possibilidades infinitas do corpo, movem esta investigação sobre solidões acompanhadas, imaginação e a não linearidade do tempo. A ilha como um pequeno palco, uma arena onde ativo devaneios ora explosivos ora contemplativos que partem de outras danças, memórias, imagens, estados. Ser aqui e agora, ser mulher, ser invisível, mágica, ser bicho, ser rápida, ser forte. O que faz uma dança? O que faz uma dança de um corpo? Como uma dança de um corpo pode convocar invisível ou visivelmente outros corpos, outros tempos, conectar- se a, vibrar com? A dança não pode fazer tudo…ou pode?
A ilha como lugar de utopia, onde pode acontecer tudo, inclusive nada.
Ficha técnica e artística
Criação e interpretação
Francisca Pinto
Apoio à dramaturgia visível e invisível
André Soares
Partitura sonora
Francisca Pinto
Edição
Mário Oliveira